Pudores contidos, agressividade e liberdade.

Bytes, palavras e imagens que, necessariamente, não tem que ser plauzíveis de explicação.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Viva a poesia de Alceu!!!


Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como Bumba-Meu-Boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como sol no meio da multidão



Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei mares, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contra-mão
Pelo canto da boca um sussurro
Fiz um canto doente, absurdo
Um lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão

Solidão